Sopa de Letras
Ando muito, nos últimos dias, amaliano. Só ouço Amália Rodrigues, os seus fados, na sua voz. É certo que intrecalo com outras voz femininas, também poderosas e carismáticas, mas não do mesmo nível. Decidi colocar aqui a letra de um dos fados de Amália, depois de alguma pesquisa, decidi colocar aqui um poema seu. Transcrevo o poema "Grito!", um dos melhores poemas portugueses de uma não poeta. Onde tudo faz sentido e é de uma dor profundamente inimaginável.
Grito
Silêncio!
Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.
De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.
Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.
E eu,
A quem o sol esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.
Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.
Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!
Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.
Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura.
letra: Amália Rodrigues; música: Carlos Gonçalves
performance: Amália Rodrigues.
performance: Amália Rodrigues.
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