domingo, agosto 14, 2005

Cegueiras

Sexta-feira, 12 de Agosto de 2005, 21:30h, Teatro da Trindade, Chiado, Lisboa. Eu, a Isabelinha, o Pedro e o Philipe, chegados depois da hora combinada. As outras três pessoas já nos esperavam. Tinham que esperar-nos, pois eramos nós, a Isabelinha, que tinhamos a declaração que nos dava direito a entrarmos. Os bilhetes haviam sido perdidos por mim no acto da compra. A menina da bilheteira foi muito simpática em nos dar a dita declaração, com a indicação dos nossos lugares.
Vi a peça partindo da leitura do livro Ensaio Sobre o Entendimento Humano de John Locke. Saramago nas ensenação d'O Bando é bem mais simples e bem mais complicado. A base é o simples ditado português: "Mais cego é aquele que não vê!". Com a visão da peça passei a ter uma nova visão sobre a cegueira de que o Locke fala. Vi o que não quis ver. Um palco de formas estranhas. Vidas, pessoas, situações, mimetizadas a um extremismo assustador. O Cego de Locke tinha que distinguir um cubo de uma esfera assim que recuperasse a visão. Os Cegos de Saramgo perdem-na estranhamente. Esta aparente cegueira branca é mais que um simples ditado. Os cheiros dos cenários e das cenas entram-nos pelas narinas a dentro sem pedir licença. Sou sensível aos cheiros. Estes incomodaram-me imenso. A peça soube-me melhor assim. Senti tudo de forma diferente. Os cheiros e a cegueira branca passou...

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