quinta-feira, março 31, 2005

Alfaces & Alfacinhas

- Bom dia Sr. Tomé!
- Bom dia!
- Tem alfacinhas?!?
- Tenho sim senhora. Quantas quer?
- Quero uma. Uma pequenina!
Do armazém: - Só tenho alfaces grandes! Já na loja: - Ora aqui tem! Vai ter alface para oito dias!
- Ainda por cima é só para mim…
- Não me diga que não arranja companhia?
- Pode ser que sim!
Risos.
- Há por aí tanta moça descomprometida!!!
Gargalhada sonora. – Pode ser que sim! Pode ser que sim! Já à porta: - Até amanhã!
- Até amanhã!

A minha saída da casa onde estou já esteve mais perto, também já esteve mais longe. Agora parece que está outra vez num horizonte próximo. Até as coisas estarem realmente acertadas e a sua posterior conclusão, tudo pode acontecer. É destas pequenas coisas que vou sentir falta. Destas pequenas pérolas de bom humor e de boa disposição logo pela manhã. Apesar de não morar num bairro, morar numa das avenidas de Lisboa com maior movimento de tráfego de pessoas e de carros, o bairrismo impera por aqui. Demorei a conquistar as pessoas. O Sr. Paulo, o Sr. Zé Manel e o Sr. Tomé da mercearia. O Sr. Mohamed da banca de jornais, o primeiro que conquistei. O café de baixo também foi logo uma das primeiras conquistas. A pastelaria do outro lado da rua foi uma conquista mais demorada. A D. Célia da outra banca de jornais foi também recentemente que a conquistei. Logo nos primeiros dias comecei-me a dar com a D. Jesus do supermercado, pode a fila para a sua caixa ser a maior, mas faço questão de ser atendido por si. E o outro café da outra rua é que não foi uma conquista, foi uma paixão, uma paixão avassaladora que tive pelos azulejos e pela simpatia das pessoas. O sítio que tenho em vista para ir morar é mais pitoresco, acolhedor e carismático, ou não se tratasse do Príncipe Real. Mas vou sentir saudades desta bela avenida. Ainda por cima hoje entrou cá para casa um rapaz novo. Se o meu radar não me estiver a falhar o rapaz deve de andar cá no nosso passeio. E a sua cara não me é nada estranha. Gostava de por uns bons tempos flirtar com o moço. Saber-me-ia bastante bem. Mas outras coisas irei viver, presenciar e conquistar. Uma nova vida. Uma lufada de ar bem fresco. É disto que necessito neste momento.

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